sábado, 21 de abril de 2007

UM MUNDO MELHOR É POSSÍVEL

Semana passada lí um texto da Psicanalista Eliane Martins, que também acaba de lançar um blog. Por isso venho aqui hoje indicar para vocês, que leiam também os pensamentos de mais uma pessoa que acredita que um mundo melhor é possível!



QUEREMOS PAZ, MAS COM JUSTIÇA SOCIAL

Três jovens da classe média de Brasília foram indiciados ontem por terem planejado, pela internet, segundo a polícia, a morte de um adolescente. A delegada não achou necessário pedir a prisão preventiva dos jovens porque eles estudam, têm endereço fixo e moram com a família. Enquanto isso, o Jornal do Brasil estampa em uma de suas páginas que 81% da população brasileira defende a redução da maioridade penal. Numa das cartas aos leitores do Globo, uma leitora quer saber até quando vão continuar acontecendo mortes horrendas no asfalto, sem uma ação enérgica por parte das autoridades que faça a violência parar. As autoridades fazem sim: elas sobem o morro e matam. Matam jovens adolescentes, negros e pobres. Adolescentes que não têm casa, não estudam e não têm família, como os jovens de classe média de Brasília. Tais mortes ainda recebem o apoio da população que diz: é bandido, tem mais é que matar! Hoje, 500 pessoas saem às ruas para lamentar a morte de João Helio, pedindo paz. Não teremos paz enquanto acharmos que somos nós as maiores vítimas da violência praticada. E que a punição é a solução primeira para o mal estar.Não teremos paz enquanto comermos tranquilamente o nosso pão, sabendo que milhares precisam mendigar. Não teremos paz enquanto dormirmos sossegadamente debaixo do nosso teto confortável, sabendo que milhares não têm onde morar. Não teremos paz enquanto desfrutarmos da educação e do lazer a que temos acesso, sabendo que milhares não sabem ler nem escrever, milhares não conseguem se articular.Enquanto a polícia nos protege, milhares ficam desprotegidos, sendo assassinados impunemente todos os dias. E não viram notícias de jornal e nem produzem algum tipo de comoção social. Porque são pretos, pobres e favelados. Então que sociedade é essa que quer tanto paz? Sem justiça não há como aplacar os ódios e diminuir as desigualdades. Queremos paz sim, mas não uma paz forjada por tablóides sensacionalistas de jornais. Não podemos ter paz enquanto a justiça não se realizar.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO ABUSADO

Disse aqui que publicaria sobre o personagem Kevin Vargas, do livro ABUSADO, de Caco Barcellos. Porém senti o desejo de publicar primeiro, uma opinião sobre o livro de uma pessoa que tenho um grande apreço e admiração, que é o Pr. Caio Fábio, sobre quem já falei aqui neste blog.

MARCINHO VP, O ABUSADO: UMA HISTÓRIA SOBRE DROGAS

Acabei de ler o livro “Abusado”, de Caco Barcelos.O livro é chocante, mesmo para quem conhece boa parte dos personagens nele apresentados minuciosamente por Caco.O próprio Caco é pessoa de meu conhecimento. Instalou-se na Fábrica de Esperança alguns dias, na época em que o Exército estava nas ruas do Rio, na chamada Operação Rio, no início da década de 90.Conversamos muito sobre muitas coisas, inclusive sobre minha fé em Jesus.Caco é gente boa e íntegra. É um homem, como hoje em dia é difícil encontrar, especialmente entre jornalistas.Alguns personagens do livro me foram apresentados pelo “missionário Kevin Vargas”, apelido que Caco dá ao meu amigo, que trabalhou mais de uma década no Morro Dona Marta e também na Vinde e na Fábrica de Esperança.Ano passado voltei ao morro umas três vezes para pregar. Mas foi durante a década de 90 que estive inúmeras vezes por lá.Preguei no sopé do morro, na quadra, em casas, no Cruzeiro, no pico, nas vielas, etc...Foi lá que conheci Marcinho VP—no livro chamado de “Juliano”, pois, enquanto Caco escrevia o livro, Marcinho ainda estava vivo!Marcinho foi morto cerca de dois meses atrás. Os detalhes de sua morte foram divulgados pelos jornais de todo o Brasil.Raimundinho, o Exterminador, conheci lá também. Conto a história de meus encontros com ambos no livro “Confissões de Um Pastor”. Foi também no Dona Marta que encontrei o Nem Maluco e disse a ele, na presença de Raimundinho, que ele morreria logo...Vira essa boca pra lá, pastor—disse-me ele. Mas o fato é que dias depois estava morto. Bateram bola e fizeram pé-pé com a cabeça dele no “Complexo do Alemão”, naquele tempo controlado por Uê.Experiências semelhantes eu tive com Flávio Negão, de Vigário Geral—“Kevin Vargas” estava comigo naquela noite de véspera de Natal na qual disse a ele que fugisse, do contrário, morreria em breve! Um mês depois estava vazado de balas...Zaca, que foi personagem “importante” na história do Dona Marta, eu conheci em Bangu I. Conversei muitas vezes com ele, apesar dele fazer parte da ala dos que não eram “amigos” da maioria dos internos, que pertenciam ao Comando Vermelho. Zaca fazia parte dos “alemão” como os “outros” chamavam os que eram dissidentes.Mas minha liberdade de entrar em cada uma das quatro alas do presídio era total. Sentia-me amado e respeitado por muitos deles; até hoje recebo recados de “saudades” que eles me enviam através de familiares que até hoje ainda me procuram esporadicamente.O livro não me disse nada que eu não soubesse, mas me deu uma perspectiva bem mais organizada das seqüências históricas do Dona Marta; muito melhor do que eu havia conseguido “montar” até hoje. Afinal, nunca estudei o fenômeno, apenas o vi como “visitante”.Fica aqui minha recomendação para que se leia o livro.As razões são as seguintes:
1. Caco Barcelos é, possivelmente, o mais honesto e limpo repórter investigativo que já conheci. Não faz muito tempo falamos ao telefone. Ele hoje mora em Londres e faz cobertura de guerras e situações de conflito para o Jornal Nacional, O Globo Repórter e o Fantástico. Senti carinho e empatia por ele assim que o encontrei. Minha opinião não mudou.
2. “Kevin Vargas” é amigo de mais de 12 anos. Já trabalhou comigo e sempre foi leal em todas as coisas. É homem, antes de tudo. Respeito alguém que seja homem, e que mantenha a lealdade nas horas de conflito e perigo. Kevin é assim. Não nega fogo. Se é amigo, é amigo. Nos últimos meses estivemos outra vez juntos. Recentemente sua esposa—egressa da vida descrita no livro—deu a ele um filho. Hoje ele trabalha na assessoria política de um deputado no Rio. “Kevin” foi um dos maiores incentivadores deste site, sendo um dos responsáveis pela entrada dele no ar. E pela freqüência com a qual recebo e-mails dele através do Fale Comigo, sei o quão assíduo ele é nas visitas ao site.
3. Marcinho VP, o “Juliano” do livro, é o Abusado. Já expressei em lugares diferentes, inclusive na mídia, a impressão que ele me causou durante uma longa conversa que tivemos madrugada a dentro, lá no Dona Marta. Kevin disse que ele queria falar comigo. Eu estava no morro dirigindo uma vigília de oração. À meia-noite, quando todos desceram, ele veio ao meu encontro, e conversamos longamente. Fui para casa com o coração ferido. Vi nele um potencial extraordinário. Possivelmente a mesma coisa que Caco também percebeu nele. O mesmo eu diria de João Sales, o cineasta que acabou tendo que explicar na justiça sua decisão de ajudar Marcinho a sair do crime. Tenho certeza que Luis Eduardo Soares—atual Sub-secretário Nacional de Segurança do Governo Lula—também percebeu a humanidade latente e a inteligência brilhante e faceira de Marcinho. Por isso, João tentou ajudá-lo, enviando dinheiro para o seu sustento fora do Brasil, quando o Abusado decidiu “largar o crime”. E Luis Eduardo foi envolvido como pretexto, pelas autoridades do Estado do Rio em 2001, sob a alegação de que sabia das ações de João Sales e nada teria dito ao Governador. Conheço o Luis Eduardo, e, conquanto ele não seja “crente”, ponho mais fé nele que na autoridade que contra ele se insurgiu.
4. Meu conselho ao Marcinho VP em 1994 foi insistente. Chorei por dentro e externei minhas emoções a ele com toda clareza. Disse-lhe que se quisesse sair dali e começar vida limpa em outro lugar, eu mesmo o ajudaria. “Kevin” testemunhou tudo.
5. O livro também precisa ser lido para que se perceba bem a extensão do banditismo policial no Rio e em todo o Brasil. Simplesmente não há distinção.
6. O que aparece também no livro é o esforço intenso e, na maioria das vezes, inócuo dos missionários cristãos no Dona Marta. Vidas foram salvas pela intercessão de “Kevin”, mas até alguns dos “meninos” do tráfico que eram simpatizantes de Kevin, mesmo carregando Bíblias nas mãos, continuavam seu trabalho de execução de pessoas nos Tribunais do Comando Vermelho. Eu mesmo disse a “Kevin” que saísse dali. Ele trás no corpo as marcas—cicatrizes—daquele tempo em que ali esteve. Até o ano passado “Kevin” ainda residia no lugar. Ajudei-o durante uns três meses até que ele conseguisse seu atual trabalho como assessor do deputado.
7. O livro de Caco nos mostra o ridículo das ações governamentais. E pior: nos mostra aquilo que aqui mesmo, neste site, eu já disse que está em franco processo de desenvolvimento: a real organização do tráfico, que hoje já não é mais “romântico” como o foi nos dias de Escadinha e outros.
8. Tenho dito desde minha conversa madrugada a dentro com Marcinho VP—a quase 10 anos—, que meu temor seria a junção daquele “poder local” com outras forças “de fora”. Naquele tempo eu advertia as autoridades quanto ao fato de que se “eles”—os meninos do tráfico—se “emturmassem” com os traficantes Colombianos, e se também se envolvessem com o terrorismo internacional, o Brasil ficaria sem solução. Bem, hoje já se sabe que depois de Fernandinho Beira-Mar o tráfico deixou de ser romântico—Beira-Mar é o Pablo Escobar do Brasil—, e a guerrilha e o tráfico Sul-Americanos já estão também começando a andar de mãos dadas com o "terrorismo islâmico". Esse sempre foi meu medo. Afinal, as leis do CV são “islâmicas”—refiro-me aos “fanáticos” no Islamismo—na sua execução; e a lógica operacional e ideológica não são diferentes.
9. Quando ouço e vejo as “autoridades” Estaduais e Federais tratarem o assunto, não consigo deixar de ficar revoltado. O discurso deles, para mim, ou revela total ignorância ou o mais absoluto cinismo. Mas a realidade passa muito longe do que falam e prometem...
10. Soluções. Essa é demanda. No entanto, se são humanamente impossíveis, são desumanamente tornadas infinitamente piores as situações que crescem com o descaso. Soluções não são mágicas. Elas demandam vontade e prioridade na aplicação. E tanto o Estado do Rio como o Brasil parecem ainda não ter percebido que estamos a caminho de algo infinitamente pior que os “problemas” que hoje se pretende combater.
11. Se não houver uma intervenção “radical” nas Polícias e ações de choque social e econômico na realidade das crianças e jovens das áreas de miséria e violência do Brasil, ninguém poderá impedir o processo de colombinianização-guerrilheira-traficante-terrorista que nos aguarda em um futuro não tão distante.
No fim, sem maniquismo, o bem é bom; e o mal é mau!Isso aqui é apenas um desabafo... Fica, todavia, a recomendação de que se leia Abusado, de Caco Barcelos.
Caio
Escrito em 9 de setembro de 2003

quinta-feira, 19 de abril de 2007

SOBRE AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Dia desses um colega, jornalista, me disse que muita coisa que eu estava falando era novidade. Ele já havia viajado por dezenas de países, além de ter morado um bom tempo fora do Brasil, porém determinadas coisas que eu falava, parecia para ele, uma realidade distante. Durante os últimos dias tomei conhecimento de muitas notícias, mesmo tendo viajado pelo país para os mais distantes lugares. Longe, porém com a internet, podemos saber de um pouco mais do que a grande mídia nos passa. Claro, que não poderia deixar de acompanhar pela grande mídia a prisão dos bicheiros e desembargadores, coisa que parece anormal no país da corrupção. O tiroteio no morro da Mineira, no Rio de Janeiro, onde morreram quatorze pessoas, e parece que nada muda. A tentativa da oposição de derrubar o governo eleito, através de CPIs. A falta de posicionamento da sociedade, por parte das elites, que querem se perpetuar no poder e para isso passarão por cima de quem quer que seja, ou seja, a maioria da população pobre desse país, bem como do povo que não entende que "a liberdade jamais será dada voluntariamente pelo opressor, mas deve ser conquistada". Enquanto isso o povo oprimido nas favelas, para variar, continua acreditando que seus políticos eleitos farão alguma coisa, tendo esses já cooptado grande parte das lideranças comunitárias. Sabemos que a maioria, ou quase todos os que agora estão exercendo uma função no legislativo, estão lá com nossos votos, e que já não são mais aqueles mesmo que andaram outrora conosco. Mas vamos ficar por aqui com a política, e vamos falar de futebol né? Até a vitória do Flamengo, que fiquei sabendo hoje pela manhã, já que viajei toda a noite de ontem, quarta-feira, e sobre a qual não poderia deixar de citar... Isso tudo foi notícia nas últimas horas, porém tem muitas coisas acontecendo, e muita gente se interessando pelos mais diversos temas. Gostaria que pudéssemos ter aqui, nesse blog, uma oportunidade de notícias mais recentes, e algumas coisas mais atuais, porém não estou preocupado com o que todo mundo já faz, ou seja, informar com rapidez, até porque isso demanda tempo e dinheiro, algo que nos é mais curto que tantas outras pessoas, organizações e empresas. Por isso continuarei escrevendo coisas atuais, quando der, e relatando o que tantas outras pessoas vêm me pedindo há tanto tempo, como é o caso de histórias que vivi durante mais de uma década nas favelas do Rio. Também escrevi e estarei publicando outras histórias como as vividas pelo MISSIONÁRIO KEVIN VARGAS, personagem do livro ABUSADO de CACO BARCELLOS, personagem baseado em minha história.

terça-feira, 17 de abril de 2007

No Caminho

Escrevi o texto abaixo já há algum tempo. Aproveito para publicar, já que estou viajando...

Jesus, O Caminho, A Verdade e A Vida
Ele que nos convida a seguir após Ele
Ele que sempre esteve No Caminho
O Caminho é a Vida
A vida é feita por um caminhar
No caminho acontecem muitas coisas
Por vezes nos apressamos e queremos correr
Outras de cansados nem andar
Podemos cair e levantar
O importante é continuar a Caminhar
Também podemos encontrar muitas pessoas, de todos os tipos
Do tipo engraçado e outras sem Graça
Humildes e soberbas
Quietas e faladeiras
Magoadas, escorraçadas, incompreendidas, ofendidas...
e assim Caminhamos todos juntos,
entendendo que Jesus não chamou os sem problemas,
os puros, ou religiosos, mas TODOS os pecadores a estarem
com Ele Caminhando em sua Graça!

Compartilhe!