Há algum tempo atrás, quando morava em Maringá conheci pela internet Ana Rita Martins, que estava terminando sua faculdade de jornalismo na PUC-RIO. Ela havia lido o ABUSADO e me "achou". Coisa de jornalista interessado em ir além. Depois ela foi para São Paulo, fazer o curso da Abril. Agora ela trabalha na SOU + EU, revista semanal lançada ano passado pela editora Abril. Logo depois que voltei a morar no Rio, finalmente a conheci pessoalmente. Venho mantendo contato com ela e acompanhando sua carreira promissora. Por isso é um prazer publicar aqui o texto que ela acaba de me enviar.
QUANDO APRENDEREMOS O VALOR DA SIMPLICIDADE?
Há duas semanas estive em Anavilhanas, o maior arquipélago mundial no meio da selva amazônica. Foi bom ir até o norte, terra tão desprezada às vezes pelas mentes vazias do sudeste. Ao contrário do que pensam, o norte do Brasil não tem só pobreza e atraso. Na casa dos ribeirinhos, no meio do nada, sem energia elétrica, existem lições que são muito úteis para nós, povo da cidade.
Existe a visão errônea de que até os ribeirinhos passam necessidades. Não é verdade. A pobreza no norte está muito mais concentrada nas cidades do que na cultura do povo ribeirinho que secularmente pesca para comer e sabe utilizar a natureza de forma não predatória. Fiquei pensando no meu celular, computador, nas minhas roupas, nas minhas contas e em tudo que preciso organizar para viver. Tenho a impressão de que não viveria sem nada disso e quando vejo um povo que vive bem pescando e colhendo, me pergunto se precisamos realmente de tudo o que temos.
Quanto mais acumulamos, mais queremos. Não basta ter um tênis bom, tem que ser Nike. Se o vizinho compra algo melhor, lá vamos nós copiarmos por puro status. Grande besteira. Todo mundo vai morrer e o que vai ficar no mundo são as lembranças que deixaremos com quem conviveu conosco.
A questão do consumo e como nos construímos através dele é talvez um dos maiores males do sistema de acumulação de capital. Eu não sou socialista nem anti-capitalista, mas do jeito que as coisas estão os valores simples da vida vão se subverter cada vez mais e só vai nos sobrar uma sociedade com homens cada vez mais pobres materialmente e de espíritos.
Não é à toa que existe tanta violência e guerra. A ganância têm sido a única moeda entre os governos. Enquanto eu e você temos computadores e celulares novos e somos considerados alguém pelo que acumulamos, existem pessoas na esquina que não são nada porque vivem num mundo onde são o que têm e vice-versa. Parece um mundo díspar dos ribeirinhos do norte. A vida deles funciona de outra forma, eles são simples, mas dignos. Nada lhes falta. Nem parece que vivem no Brasil.
Existe a visão errônea de que até os ribeirinhos passam necessidades. Não é verdade. A pobreza no norte está muito mais concentrada nas cidades do que na cultura do povo ribeirinho que secularmente pesca para comer e sabe utilizar a natureza de forma não predatória. Fiquei pensando no meu celular, computador, nas minhas roupas, nas minhas contas e em tudo que preciso organizar para viver. Tenho a impressão de que não viveria sem nada disso e quando vejo um povo que vive bem pescando e colhendo, me pergunto se precisamos realmente de tudo o que temos.
Quanto mais acumulamos, mais queremos. Não basta ter um tênis bom, tem que ser Nike. Se o vizinho compra algo melhor, lá vamos nós copiarmos por puro status. Grande besteira. Todo mundo vai morrer e o que vai ficar no mundo são as lembranças que deixaremos com quem conviveu conosco.
A questão do consumo e como nos construímos através dele é talvez um dos maiores males do sistema de acumulação de capital. Eu não sou socialista nem anti-capitalista, mas do jeito que as coisas estão os valores simples da vida vão se subverter cada vez mais e só vai nos sobrar uma sociedade com homens cada vez mais pobres materialmente e de espíritos.
Não é à toa que existe tanta violência e guerra. A ganância têm sido a única moeda entre os governos. Enquanto eu e você temos computadores e celulares novos e somos considerados alguém pelo que acumulamos, existem pessoas na esquina que não são nada porque vivem num mundo onde são o que têm e vice-versa. Parece um mundo díspar dos ribeirinhos do norte. A vida deles funciona de outra forma, eles são simples, mas dignos. Nada lhes falta. Nem parece que vivem no Brasil.