A herança do Brasil Colonial se torna evidente diante de um aparelho estatal que em todo o processo histórico da nação, se apresenta à serviço da elite dominante que pretende perpetuar-se no poder. Face à violência e o desrespeito aos direitos dos cidadãos nas favelas em cotidianas situações, que muito mais do que simples casos de abusos significam ausência e omissão do Estado no suprimento das necessidades civis básicas da população de baixa renda, e o cultivo de uma cultura de exclusão e discriminação herdadas da não tão longínqua época das casa grandes e senzalas. O Movimento Favelania manifesta que: O morador da favela como cidadão brasileiro, possui direito de acesso aos bens de cidadania tais quais segurança, educação, saúde e habitação digna; Não concorda com o uso de estereótipos e rotulações na administração e exercício do poder público, e reivindica neutralidade, respeito e educação nas abordagens dentro das favelas; Pretende dar voz às comunidades carentes se colocando como canal de ajuda e veículo de expressão da violência sofrida na mídia; Estaremos procurando difundir de todas as maneiras possíveis a conscientização à população favelada quanto a seus direitos básicos enquanto cidadão, bem como enfatizando uma ideologia de combate a todo e qualquer tipo de abuso aos Direitos Humanos. A razão de existência deste Movimento deve-se ao resgate dos princípios de liberdade e anseios por igualdade e solidariedade entre os seres humanos, que move as revoluções populares e se demagogiza em tratados e códigos que não encontram práxis social.
Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1998
Escrito por André Fernandes e Marcio Anhelli