quinta-feira, 10 de maio de 2007

MEU ENCONTRO COM O PAPA

Fazem exatamente dez anos que isso aconteceu. Eu era secretário executivo da Casa da Paz, organização fundada depois da chacina de Vigário Geral, e o Papa João Paulo II estava visitando o Brasil. Representantes das principais ONG´s foram convidados para a recepção ao Pontífice. Apesar de ser evangélico na época, não poderia deixar de representar minha organização, já que fomos convidados. Ele chegou na base aérea do Galeão. Ao meu lado, além de representantes de outras organizações, estavam empresários e diversas personalidades. Já que era o encontro do Papa com a Família, pensamos: não podemos deixar passar em branco. Chamei a Vera, sobrevivente da Chacina, e falei da idéia. E assim redigi aquela carta para a qual nunca obtivemos resposta. Hoje escrevo esse texto, pois sendo eu uma pessoa cristã, não poderia deixar passar em branco a visita de Bento XVI. Não gostei de saber que ele foi o perseguidor da Teologia da Libertação, nem tampouco de perceber a intromissão da igreja Católica em questões como o aborto, sendo como nosso Presidente afirmou uma questão de saúde pública. O que posso dizer é que esse Papa não é "pop" como foi João Paulo II. Acredito que afirmar que vai excomungar políticos que forem a favor do aborto, só torna a igreja Católica ainda mais impopular, e se o objetivo é apoiar o crescimento da igreja no país, ele deveria repensar suas estratégias. Ainda faço aqui uma sugestão para que o Papa visite o Complexo do Alemão, e ore pela Paz nas favelas do Rio.
Segue abaixo matéria da jornalista Carla Rocha publicada no jornal O GLOBO por ocasião da visita de João Paulo II.

Uma carta sobre o drama de Vigário Geral

Sobrevivente denuncia que não se fez justiça no caso da chacina

Às mãos do Papa João Paulo II chegou ontem uma carta muito especial para um homem que veio ao Rio preocupado com problemas sociais. E escrita por uma evangélica. Única sobrevivente de uma família de oito pessoas mortas num crime que comoveu o mundo, Vera Lúcia dos Santos, de 34 anos, redigiu um texto sobre seu sofrimento desde a chacina de Vigário Geral em 1993, quando 21 pessoas foram assassinadas. Na carta, ela critica a morosidade da Justiça e pede que o Papa interceda junto às autoridades brasileiras para que o julgamento, ameaçado por um novo adiamento, aconteça o mais rapidamente possível.

A carta foi entregue ao Papa pelo coordenador da Casa da Paz, André Fernandes, de 26 anos, evangélico, que estava na tribuna de honra. A ONG fica na Favela de Vigário Geral, na mesma casa onde Vera morava com a família antes da chacina. Vera, hoje, trabalha na Casa.

- Ele foi muito gentil e, ao cumprimentá-lo, aproveitei para entregar-lhe a carta que relata o drama das famílias de Vigário - conta André.

Vera Lúcia começa a carta dizendo que sente-se impossibilitada de ir ao II Encontro Mundial do Papa com as Famílias - principal evento da visita ao Rio - porque sua família foi dizimada numa noite de terror. Ela diz ao Papa que todos os mortos na chacina eram trabalhadores, sem ligação com o crime. Vera descreve Vigário Geral como um dos lugares mais brutais da cidade.
A sobrevivente critica a Justiça brasileira porque, segundo ela, até hoje ninguém foi indenizado, apenas um policial foi condenado, o processo foi quase arquivado e o julgamento dos outros envolvidos, marcado para o dia 15 de outubro, corre o risco de ser adiado.
Fonte: ROCHA, Carla. Uma carta sobre o drama de Vigário Geral . O Globo, 03/10/1997.

terça-feira, 8 de maio de 2007

DIA INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA

Meu primeiro trabalho nas favelas foi no ambulatório da JOCUM no morro do Borél. Já tinha algum conhecimento de primeiros socorros por conta do que aprendi no CFN-Corpo de Fuzileiros Navais, além do que havia aprendido desde cedo com meu pai que é médico. Depois que trabalhei no Borél, fui trabalhar no morro Dona Marta, ou melhor, Santa Marta. Lá também montamos um ambulatório, e como a demanda ficou muito grande, resolvi me aperfeiçoar. Fiz o curso de Socorrista na Cruz Vermelha Brasileira, e depois fiz o curso de Agente de Saúde Comunitário. Esses cursos me capacitaram ainda mais para realizar minha função ali na comunidade. Acabei também me tornando um voluntário da Cruz Vermelha, e atuávamos em diversas situações. Sendo hoje o DIA INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA - uma das mais respeitadas instituições do mundo, atuando em locais de guerra, catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos, etc.) - resolvi deixar aqui minha história. Atualmente a Cruz Vermelha está ajudando as vitimas de enchentes de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Faço uma observação sobre a possibilidade da instituição se tornar mais efetiva nas favelas do Rio, pois a situação que se vive atualmente é de guerra, e a Cruz Vermelha talvez seja uma das poucas instituições respeitadas para atuar nestes locais. Fica aqui minha sugestão para quem quiser conhecer mais de perto o trabalho da Cruz Vermelha e participar de alguma maneira.


segunda-feira, 7 de maio de 2007

AOS NOSSOS MANTENEDORES

Hoje estou aproveitando para deixar aqui uma mensagem para as pessoas que estão acreditando no meu trabalho, bem como todos os projetos em que estou envolvido. Venho escrevendo paulatinamente sobre a necessidade de acreditarmos em um mundo melhor e sobre a participação que cada um pode ter nessa construção. Desde sempre tive pessoas "segurando a corda" para que pudesse realizar esse trabalho, sem as quais ele não aconteceria. Estamos juntos acreditando e construindo uma nova realidade para nossa sociedade. Existem pessoas que estão chegando, e perguntando: como posso me envolver? Quando estava na JOCUM (Organização Cristã onde trabalhei) dizíamos o seguinte: você pode se envolver, orando, fazendo, ou contribuindo. Ou seja, você se envolve primeiro com sua alma, seu coração, sua torcida. Depois com sua presença, seu trabalho. E aqueles que não podem trabalhar pois já têm seus trabalhos, contribuem materialmente. Você também pode fazer os três, ou ainda só um. O importante é que você não deixe de participar. Quero esclarecer, que não ganho um só centavo como diretor-fundador da ANF-AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DAS FAVELAS. E nem quero! Pois tenho pessoas que estão sendo meus mantenedores. Por isso esse texto está sendo escrito para NOSSOS MANTENEDORES. Digo nossos pois como disse você pode, estar junto na torcida, se doar com seu trabalho ou seus recursos materiais. E como não ganho da organização ao qual pertenço, gostaria que ficasse explícita sua doação. Se você deposita para a organização, essa grana vai para a organização. Apesar de trabalhar para que a ANF-AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DAS FAVELAS seja mais que um sonho há dez anos, repito, não recebo um tostão. Por isso tenho pessoas que acreditam no que tenho feito e depositam então em minha conta. Já que estou falando de mantenedores no dia de hoje, aproveito para honrar duas pessoas que estão acreditando e fazendo sua parte. A primeira é KIKI MORETTI que tem sido minha mantenedora há algum tempo, e que está aniversariando hoje. Parabéns! A segunda é JOÃO MOREIRA SALLES que fez o primeiro depósito na conta da ANF-AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DAS FAVELAS, que não me autorizou a divulgar, mas também não pediu sigilo. Em meu nome e em nome da ANF agradecemos à vocês e a todos os demais mantenedores que acreditam que um mundo melhor é possível.

"A História celebrará os grandes homens, mas cada um foi grande pelo objeto da sua esperança: um engrandeceu-se na esperança de atingir o possível; um outro na esperança das coisas eternas - mas aquele que quis alcançar o impossível foi, de todos, o maior" ( Kierkegaard)

domingo, 6 de maio de 2007

UMA VEZ FLAMENGO...

Quando era criança torcia pelo Fluminense pelo simples fato que minha mãe era Fluminense. Minha irmã torcia pelo Flamengo, pois meu pai é Flamenguista. Hoje minhas duas filhas são Flamenguistas. A mais velha já sabe o que quer, pois já tem dezoito anos. A mais nova só com quatro, é natural que torça por meu time. Quando ela vê alguém com a camisa do Flamengo, diz: "camisa do Mengo do Papai". Mas você não acaba de escrever que era Fluminense? Então você é um "vira-casaca"? Absolutamente não! Nunca havia ido a um jogo, e sempre ouvia meu pai torcer com todo fervor para o Flamengo. Eu tinha então treze anos, e um amigo que estudava no colégio Batista me convidou para ir ao Maracanã. Morava ali na Rua Jorge Rudge, bem perto, e fomos ao estádio. Marcilio, meu amigo, era Flamenguista, e tinha onze anos. Fomos para a arquibancada, e ficamos no meio da torcida JOVEM. Quando o Flamengo entrou em campo, eu nunca tinha visto tamanha emoção que aquela transmitida pela torcida. Empolguei-me como nunca. Começamos a cantar: "Ó meu Mengão, eu gosto de você, quero cantar ao mundo inteiro, a alegria de ser RUBRO-NEGRO..." Comecei a torcer então para um time pela primeira vez na minha vida! Cheguei a participar da JOVEM FLA naquela época que era mais tranquilo participar de torcidas. Hoje "visto a camisa" de poucas coisas, e só visto mesmo uma camisa quando tenho convicção. Tenho duas camisas do Flamengo. Uma que troquei com o Catra, quando estávamos indo para uma das turnês que fazia com ele pelos bailes, e precisava de uma camisa limpa. Emprestou-me aquela da FLA 100, da comemoração de cem anos do time, e eu nunca mais devolvi. A outra comprei no PALPITE FELIZ quando estava acontecendo um churrasco de fundação da FLA-UERJ, outra torcida que está se organizando. Fui ao Maraca da última vez (Flamengo 4 x 1 Madureira) com o Sociólogo Caio Ferraz, também Flamenguista, e disse para ele que ver o Flamengo fazendo gols era como um orgasmo. Hoje resolvi contar essas histórias por dois motivos. Primeiro porque tenho vários amigos e colegas da imprensa que escrevem ou trabalham na área de esportes, então já estava devendo para eles essas histórias. O segundo motivo foi a vitória do FLAMENGO! Mesmo que não tivesse ganhado, reafirmo o que cantei a primeira vez que fui ao Maraca: UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO!

Hino do Flamengo
(Lamartine Babo)


Uma vez Flamengo, sempre Flamengo
Flamengo eu sempre hei de ser
É o meu maior prazer, vê-lo brilhar
Seja na terra, seja no mar
Vencer, vencer, vencer
Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer
Na regata ele me mata, me maltrata, me arrebata
Que emoção no coração
Consagrado no gramado, sempre amado, o mais cotado
No Fla-Flu é o "Ai, Jesus!"
Eu teria um desgosto profundo
Se faltasse o Flamengo no mundo
Ele vibra, ele é fibra, muita libra já pesou
Flamengo até morrer eu sou
É, eu sou!

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