Apresento aqui para meus leitores, uma texto que foi publicado ontem no blog SENTINELA DO ABSURDO, do meu grande amigo-irmão, Rafael Huguenin. Ele é doutorando em filosofia pela PUC, professor e membro do Conselho Diretor da ANF - Agência de Notícias das Favelas.
Apresento aqui para meus leitores, uma texto que foi publicado ontem no blog SENTINELA DO ABSURDO, do meu grande amigo-irmão, Rafael Huguenin. Ele é doutorando em filosofia pela PUC, professor e membro do Conselho Diretor da ANF - Agência de Notícias das Favelas.
Desvincular a atividade filosófica de práticas políticas é um dos maiores erros que pode cometer quem se aventura a lecionar filosofia no Ensino Médio. Por práticas políticas entendemos aqui simplesmente um contexto coletivo no qual, por meio do debate contraditório, da discussão e da argumentação, os problemas e suas soluções são submetidas à decisão da maioria, que, de braços erguidos, escolhe entre os diversos partidos em questão.
Aliás, quando estudamos sobre as causas para a origem da filosofia, verificamos que a permanência deste tipo de discurso decisional e dialogado, oriundo de práticas guerreiras, constitui uma das principais causas para o nascimento da própria filosofia. Segundo Jean-Pierre Vernant, o que caracteriza a pólis, espaço no qual nasce a filosofia, é justamente a “extraordinária proeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder” (As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 200, p. 41). Ver também, a esse respeito, o texto “A palavra do Guerreiro e a Origem da Filosofia”, de Marilena Chauí, disponível na parte de textos didáticos.
Ora, se a própria filosofia nasce em um ambiente no qual tudo é levado à praça pública, εἰς τὸ μέσον, ao centro, local de debates apaixonados, oposições e consensos, não podemos desvincular o próprio ensino de filosofia desta prática que é o seu próprio fundamento. Sendo assim, estimular e se esforçar para criar um ambiente no qual aconteça realmente este diálogo coletivo e não uma simples baderna é a principal tarefa do professor de filosofia. Não é uma tarefa fácil, sobretudo com jovens do ensino médio. Mas talvez seja uma das únicas maneiras de possibilitar o que Manuel Garcia Morente, em seus Fundamentos de Filosofia, chama de vivência, experiência sem a qual a filosofia se reduz a meros textos sem vida.
Quando não se cria este ambiente, quando o ensino de filosofia se reduz a uma mera interpretação de textos antigos, retirando deles a própria inquietação e urgência da qual são fruto, a própria vivência da qual são portadores ou mensageiros, as aulas expositivas e a análise dos textos, atividades das quais o ensino de filosofia não pode de modo algum prescindir, se tornam ofícios chatos e massante
As fotos acima ilustram as concorridas aulas de Filosofia ao ar livre no IFF, nas quais tentamos assimilar e interiorizar, por meio de grandes debates, os conceitos, técnicas e doutrinas filosóficas apresentados em classe. As fotos são do meu ex-aluno, fotógrafo e jornalista Welliton Barbosa.