quinta-feira, 24 de maio de 2007

ME ARRANJA UM EMPREGO?

Tenho ouvido a frase: "me arranja um emprego", quase todos os dias. Pessoas que não vejo há muito tempo, quando reencontro, me pedem alguma coisa para trabalhar remuneradamente. Esses dias mesmo fiquei com o coração na mão. É que vejo uma juventude, que na época que comecei a trabalhar nas favelas, eram ainda crianças, e hoje já têm entre vinte e vinte e cinco anos. O que me deixou preocupado e triste foi um jovem de vinte e três anos, que relatou que saiu do crime há algum tempo, voltou a estudar, mas não conseguiu emprego. Aí ele me disse: "preciso fazer algo, porque sabe né André, mente vazia..." Claro que sei! Fiquei pensando em quando a ANF estiver a pleno vapor. Nada mais justo, já que trabalhamos com notícias das favelas, que estejamos empregando esse pessoal. Sonho com o dia que poderemos ajudar todas essas pessoas, porém sinto-me incapaz ao ver tantas pessoas necessitadas, e eu tentando distribuir o pouco que tenho. Falei que fico preocupado e triste com essa situação. Triste porque sei que existem muitas pessoas que têm dinheiro suficiente para ajudar e não ajudam. Pessoas que estão acumulando capital, e não distribuem renda. A situação parece não ter saída. Vejo a situação ainda pior, quando percebo que pessoas que saíram das universidades, e estão, depois de anos de estudos, desempregadas. O pior é que além de desempregadas, muitas estudaram toda sua vida para serem aquilo que poderia lhes dar dinheiro, e não fizeram aquilo que tinham vontade de fazer, deixando então, essas pessoas deprimidas e frustradas. Por isso quero deixar aqui uma oportunidade para você que está lendo de ajudar, ou ser ajudado. Se você pode disponibilizar uma vaga ou conseguir um emprego para quem não tem, entre em contato conosco para que possamos cruzar essas informações através do e-mail: oportunidades@anf.org.br. Isso pode ser muito pouco, ou mudar uma vida.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

CHANVRE - ROUPAS DE CÂNHAMO. ROUPAS ECOLÓGICAMENTE CORRETAS

Estou publicando novamente, a pedidos, essa entrevista com idealizador da marca CHANVRE. Enviei alguns convites para um grupo de amigos para participarem da comunidade da CHANVRE no ORKUT.
Publicada em: Domingo, 1 de Abril de 2007
Trazemos com exclusividade uma entrevista com o idealizador da marca CHANVRE. A entrevista foi feita junto com Rogério Lahan. Após a entrevista Marcos de Lamare mudou-se para São Paulo para expandir a marca, e acaba de lançar o site da CHANVRE.

Marcos de Lamare, idealizador da CHANVRE tem 27 anos, é advogado e natural de Andradina, São Paulo. A loja existe há quatro anos, no DEVILLE (Hotel de Maringá-PR).

André Fernandes - Porque a escolha do cânhamo?
Marcos - A princípio tínhamos a intenção de abrir uma loja de roupas, mas como Maringá é um local forte como pólo de confecções, nós tivemos a idéia de trazer algum produto diferente do que já se tem no mercado, daí surgiu a idéia do cânhamo. No comércio internacional ele é conhecido, tem bastante circulação, mas no Brasil não é tão conhecido, e não se tem acesso porque até então não se tinha ninguém que trabalhasse com isso. Nós tivemos essa idéia.
AF - Você conhece o histórico do cânhamo no Brasil e no mundo?
Marcos - Sim, no mundo surgiu na Ásia, quatro mil anos antes de Cristo. Os chineses começaram utilizar o cânhamo para fazer roupas. Diz a lenda que um imperador chinês, para evitar o massacre de animais, determinou que as roupas fossem feitas de cânhamo. Acredito que a idéia do ecologicamente correto tenha surgido daí. De lá pra cá o cânhamo teve um grande crescimento. Na época das grandes navegações ele era um dos principais tecidos e material utilizado pra fibra que se conhecia na época. Teve até a questão do embargo econômico que a Inglaterra fez para o fornecimento de cânhamo para as tropas de Napoleão. Mais pra frente, quando teve o surgimento do nylon nos EUA, dizem também que houve um movimento de boicote ao cânhamo. Porque como o cânhamo tem uma durabilidade maior para os empresários do nylon e do algodão, seria interessante acabar com o ele. Nessa época foi aprovada uma lei no congresso dos EUA proibindo a plantação do cânhamo. Foi quando o cânhamo teve uma grande queda no mundo. Recentemente os cientistas descobriram uma enzima que tornou o cânhamo mais confortável, e isso fez ressurgir o cânhamo em termos de mundo...
AF - Porque trocar o algodão pelo canhâmo?
Marcos - Basicamente pela questão do cânhamo ser um produto ecologicamente correto, pois não utiliza agrotóxico nem herbicida em sua produção, em razão dele ser extraído do caule da cannabis. As pragas normalmente atacam as folhas , então o cânhamo não tem esse problema de praga. E a fibra do cânhamo é produzido bem antes que a fibra da árvore( no caso do papel). Em seis meses o cânhamo já pode ser colhido, enquanto que as árvores cinco anos. A questão do desmatamento também é importante, pois utilizando a fibra do cânhamo para papel você evita desmatar florestas. Além da questão da ecologia de evitar poluir o solo e o lençol freático, e a água que nós bebemos. Outra questão forte é que o cânhamo dura 3 vezes mais que o algodão.
AF - Então suas camisas vão durar três vezes mais que as camisas de algodão?
Marcos - É isso!
AF - Sua loja é única no Brasil? Existem outras marcas que trabalham com cânhamo?
Marcos - Não conheço, desconheço concorrentes no mercado. Realmente não conheço. Existem lojas que trabalham, que eventualmente importam um calçado de cânhamo, um boné de cânhamo, mas digo que nós somos únicos pois investimos desde o principio no cânhamo.
AF - Há algum motivo para os clientes da CHANVRE temerem a criminalização por estarem usando uma marca com a folha da cannabis?
Marcos - Na verdade tentamos evitar o uso da imagem da folha nos produtos por existir um preconceito que a folha representa o uso da maconha. No caso nós usamos a idéia do ecologicamente correto como propaganda do nosso produto, e se eventualmente a gente precisar usar a folha da cannabis, isso não representa que estejamos fazendo apologia a maconha, simplesmente como nosso produto vem da cannabis, é até uma maneira de divulgar que a cannabis sativa produz algum produto que não seja a droga, produz um tecido que não tem nada haver, ninguém vai usar nossos produtos para se entorpecer, até porque nosso produto não contem THC (princípio psicoativo da cannabis). Então se na idéia de alguma estampa, alguma logo, a gente usar a folha isso não representa que estamos fazendo apologia à maconha, isso significa que o produto é feito da cannabis, que isso é uma coisa boa tanto para o meio ambiente, como para a pessoa que utiliza, pois o produto dela vai durar bem mais.
Rogério Lahan - De que forma a marca coloca esse conceito?
Marcos - Uma medida concreta foi a substituição da camurça pelo cânhamo, pois como trabalharíamos com um produto ecologicamente correto trabalhando com camurça? E também nas estampas procuramos trazer mensagens favoráveis ao meio ambiente. Fizemos uma mensagem que os EUA se negaram a assinar o protocolo de KIOTO, e mostramos nessa estampa que um hectare de cânhamo produz a mesma quantidade de papel que cinco hectares de floresta. E os produtos são um veículo de divulgação dessas idéias.
AF - Como são feitas as roupas, e qual o processo até a chegada ao consumidor?
Marcos - O cânhamo não é produzido no Brasil, pois na nossa legislação, não permite que trabalhemos com produtos que causem dependência química. Eu acho isso, uma posição equivocada porque o cânhamo industrial não causa dependência química ou psíquica porque não é uma droga. Então legalmente, se questionássemos isso na justiça, nós poderiamos até ganhar e plantar o cânhamo. Só que eu até entendo uma dificuldade por parte do governo, porque se fosse liberado isso, a nossa polícia não teria possibilidade de fiscalizar as propriedades agrícolas para fiscalizar o que é cânhamo e o que é maconha. Então de repente poderia haver um desvio de finalidade por parte dos plantadores, assim ia ficar difícil para o governo fiscalizar. O cânhamo que é utilizado para fins industriais não possui THC, por isso eu acho que poderia ser plantado no Brasil que isso não causaria conflitos com nossa legislação de entorpecentes. Em todo caso, não se produz no Brasil então nós importamos o tecido pronto, e daqui nós tercearizamos nossa produção, nas várias etapas. Tem as empresas que cortam, que costuram, as que fazem estampa, aí nós oferecemos o produto acabado para o consumidor. Até agora aqui na CHANVRE nós trabalhamos no varejo, e a partir de 2007 pretendemos começar a venda na internet, e tentar também com o atacado, mas isso gradualmente.
AF - Qual a perspectiva para o próximo ano?
Marcos - Nós estamos nos transferindo para São Paulo. Pretendemos continuar a fazer a importação do material, só que ao invés de vender em um ponto específico aqui em Maringá no varejo, ofereceremos para quem quiser adquirir pela internet, com vendas pelo nosso site. Vamos divulgar nosso site, e tentar colocar a CHANVRE em desfiles em São Paulo para que a sociedade conheça o produto. E daí partir para a venda no atacado mesmo.
AF - Qual o seu sonho para a CHANVRE?
Marcos - O mais próximo é colocar um site no ar que eu possa atender a demanda para todo o Brasil. Depois disso quero fornecer no atacado para lojas que tenham público alvo parecido com o nosso. E mais pra frente, como objetivo final, conseguir importar o tecido, confeccionar aqui, e distribuir para fora, fazer exportação. Meu objetivo final é partir para o mercado externo.
AF - Outros países já adotaram o cânhamo de uma maneira mais expressiva?
Marcos - Hungria é um dos maiores produtores do mundo. Os EUA, apesar de não produzirem, são os maiores comerciantes do mundo. A China tem um comércio muito grande, bem como toda a Ásia.
AF - Como os leitores podem comprar os produtos da CHANVRE?
Marcos - Na internet.

http://www.chanvre.com.br/
Comunidade da CHANVRE no ORKUT

Compartilhe!