sexta-feira, 27 de junho de 2008

NOSSOS VERBOS DE LIGAÇÃO

Não sei bem qual quinta-feira do mês acontece mas ontem aconteceu... um evento chamado RATOS DIVERSOS, se não me engano! Reencontrei Marla de Queiroz, que leu o poema abaixo. Amei... pedi para ela declamar ontem lá na Lapa. A vida fica mais linda com a poesia...obrigado Marla!
NOSSOS VERBOS DE LIGAÇÃO

Rabisco passos no rodapé da página e percorro o caminho em branco ao encontro dele. Sei que vai me olhar surpreso e que vou fingir certa displicência como se o encontrasse por acaso. Contarei tantas novidades que pareceremos dois desconhecidos. Mas não vou saber explicar a deselegância das minhas vontades, o desejo intruso que me assalta quando o vejo. (nem esse meu medo de chegar atrasada no seu afeto). Vou fingir um olhar imperturbável e palavras quase engajadas num silêncio. E pras suas mãos argumentativas, minha maior sinceridade: os meus ombros nus, exclamativos. Não me incomodará nem mesmo esse tempo todo em que se ausentaram de mim os versos_quero conjugar com ele, dessa nossa ligação, os verbos: ser, estar, parecer, permanecer, ficar...

*Marla de Queiroz

quinta-feira, 26 de junho de 2008

MINHA EXPERIÊNCIA NA POSSE DO LULA.

Há muitos anos sonhei com um país mais justo e solidário. Morei mais de uma década nas favelas do Rio fazendo o que acreditava. Agora, apesar de não estar muito satisfeito com o que tenho visto na política brasileira, não pude deixar de querer ir à posse do Lula, afinal tinha bons motivos.

O primeiro é que fui militante, filiado do PT e eleitor do Lula desde sempre, apesar dos pesares. O segundo é minha presença em Brasília para visitar minha filha mais velha. Assim sendo me determinei que seria o que faria, iria de qualquer maneira, como milhares de outros cidadãos naquela posse, apesar da chuva e do desanimo da família de minha filha.

Peguei uma carona com a mãe da minha filha que estava indo trabalhar e fiquei no Senado, indo a pé até o gramado do Congresso Nacional. Esperei junto com o público que ali estava, por mais de uma hora na chuva, sabendo que o povo já aguardava há horas. Quando finalmente o Lula apareceu, comecei a fotografá-lo com a câmera de meu celular. No momento em que percebi que ele ia pegar o carro para o desfile, fui para perto do alambrado, junto ao espelho d'agua e me posicionei. O jornalismo está no meu sangue e me apaixonei na faculdade por fotografia. Apesar de não ter um equipamento, sabia que aquele momento era único e que precisava registrá-lo. Estava empolgado como nunca. Havia inclusive passado um e-mail para o presidente no dia anterior dizendo-lhe o que esperava de seu governo. De repente aquele momento, o Lula passando, menos de dez metros, todos se empurrando, máquinas fotográficas e celulares apostos e um click.

A foto me orgulhou. Foi um click que entrou para história. Registrei aquele momento e outra coisa inusitada aconteceu, pois em 36 anos morando no Rio, nunca tive minha carteira furtada. Interessante é que da última vez que estive em Brasília, um amigo, ex-militante do PT, brincando, me disse: cuidado para um deputado não roubar sua carteira aí em Brasília. De fato era uma brincadeira, mas não imaginei que naquele momento a preocupação de alguém que estivesse ali seria com algo tão efêmero, como qualquer poucos reais que pudesse conseguir com minha carteira, afinal, se tivesse muito dinheiro, provavelmente não estaria ali...

Fato consumado, ainda tentei inutilmente procurar entre o público que já ia embora, a carteira jogada no chão, na esperança que a pessoa que me furtou percebesse que não tinha nada de interessante para ela ali. Ainda fiquei por uns dez minutos andando e acabei percebendo que tantas outras pessoas haviam sido furtadas também. Comecei então uma peregrinação. Perguntei para vários policiais onde ficava o "achados e perdidos", bem como um local ali para registrar a queixa, pois em um evento desse porte é normal que se tenha algo parecido. Fui sendo encaminhado pelos PMs para o local onde se encontrava o comando da Polícia, perto do Palácio do Planalto. Ao chegar e relatar o fato para um capitão da PM, o mesmo me informou que deveria de fato ter um posto da Policia Civil para registro no local, mas que nada havia sido mandado para lá e que, portanto, eu deveria me dirigir à segunda DP na Asa Norte. Pareceu-me um descaso óbvio do governo local para com o evento da posse do presidente. Comecei a andar decepcionado com minha perca e com a organização do evento, pois o que aconteceu comigo não havia sido um fato isolado!


Andei até a rodoviária, perto do conjunto nacional, onde fui informado haver um posto da polícia civil. O posto estava com a porta de vidro fechada e com um aviso para que "batesse no vidro". Foi o que fiz, quando vi um policial falando ao telefone, que fez um sinal para que eu entrasse já apontando para a cadeira, indicando que aguardasse sentado. Esperei pacientemente o policial terminar seu telefonema e expliquei-lhe a ocorrência. O policial fez um registro de extravio de documentos. Perguntei a ele sobre o numero da ocorrência, apontando para um numero que estava escrito no papel e ele me falou ser o numero da matrícula dele e que não tinha numero. Achei estranho, pois o que acontecia ali não era o padrão normal de conduta e o pior é que o policial, parecendo meio estressado, afirmou ser o único policial de plantão naquele dia. Ao me levantar perguntei se estava tudo certo, pois no registro dizia: COMUNICAÇÃO DE EXTRAVIO mas eu havia sido furtado!


Quando saía do posto chegavam mais três pessoas. Um casal que também queria registrar um furto e um senhor alcoolizado, que imediatamente foi colocado à força para dentro do posto, em um local que desconheço, nos fundos. Fiquei estarrecido e quando o policial voltou fui logo questionado se eu queria mais alguma coisa? De ante de tamanha truculência, obviamente que não ia ficar ali para questionar nada. E assim segue o nosso país com descasos das autoridades, com cidadãos desrespeitados, com imagem de nossos governantes manchadas pela corrupção e com instituições que não funcionam.


Com crime e poder caminhando lado a lado. Assim é o Brasil. Essa foi minha experiência na posse do Lula. Esse foi meu começo de ano em Brasília e espero sinceramente que dias melhores venham para todos nós que ainda sonhamos com um mundo melhor!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

LEI DA MORDAÇA

Por Caio Fábio
Hoje haverá grande manifestação em Brasília contra a PLC122, cujo texto de projeto de lei pode ser lido no seguinte site: http://www.senado.gov.br/sf/publicacoes/diarios/pdf/sf/2006/12/14122006/38854.pdf

Muita gente vem me escrevendo acerca do tal Lei Contra a Homofobia pedindo de mim uma opinião, a qual, tendo em vista que em geral os "religiosos" são homofóbicos mesmo, não me interessei nem em ver o texto e menos ainda em discuti-lo.

Ontem, no entanto, atendo ao pedido de uma pessoa amiga e que ocupa o cargo de Senador da Republica, li o texto a fim de dar a minha opinião. Ora, a simples leitura do texto do projeto de lei me evidenciou de saída o fato de que o tal projeto não apenas incorre em várias inconstitucionalidades, mas, também, muito além disso, cria precedentes hostis e perversos, sem falar que dá, em tal caso, aos queixosos homossexuais, um poder de arbítrio sobre inúmeras áreas da vida comum, gerando o espaço legal para grande quantidade de exageros e exacerbações.

Em minha opinião o projeto de lei é inconstitucional na forma como está redigido, pois, gera uma soberania de direito ao grupo que demanda tal direito, que, pela própria natureza da formulação legal, anula outros direitos superiores e bem mais antigos em sua legitimidade.

Por exemplo, por tal lei, no caso de ela um dia vigorar, os demais direitos universais (como o de expressão de opinião de qualquer natureza, se for contrária às manifestações homossexuais, ainda que escandalosas), serão subjugados pelos direitos de qualidade "Homocráticas" de tal grupo, posto que, pelo bojo da proposta, declara-se mesmo a impossibilidade de discordar publicamente de práticas ou ideologias de conteúdo homossexual.

Ora, a tal PL122 supostamente se fundamenta em direitos inalienáveis, como os que protegem condições intrínsecas dos humanos, como raça, etnia e cor, mas, apesar de tudo, evoca os direitos da própria expressão religiosa (um dos direitos inalienáveis da Constituição), pondo-se em equivalência com aquilo que sendo objetivo não necessita nem de demonstração e nem de prova, como é o caso de uma raça ou etnia.

Uma raça é uma raça. Uma etnia é uma etnia. Portanto, são realidades universais e objetivas em sua constituição.

Não é a mesma coisa com a condição homossexual, a qual, como se sabe, tem casos de homossexualidade inata e intrínseca, tanto quanto também possui uma enorme quantidade de casos que não carregam traços inatos da condição, mas apenas configuram uma "escolha", não sendo, dessa forma, em hipótese alguma, algo que possa ser universalizado como universal é o direito de uma raça ou etnia.

Isto sem falar que a PL 122 também cria, de modo inerente, uma espécie de vitaliciedade empregatícia. Sim! Pois com as descrições de direito que teria um suposto homossexual ante um patrão (podendo ele alegar pela via da simples queixa que está sendo objeto de discriminação, não importando o grau de objetividade e de constatabilidade da denúncia) - todos os patrões são postos na difícil situação de temer despedir um funcionário homossexual, por qualquer que seja a razão trabalhista ou funcional, em razão de que sob ele pesará a possibilidade de ser condenado pela subjetividade ou até mesmo esperteza e ou maldade do funcionário queixoso.

Há de se ter leis que protejam os homossexuais de toda forma de discriminação real e objetiva. Do mesmo modo, há de se ter sempre leis que ao garantirem os direitos de minorias não o façam contra a expressão da maioria.

A presente PL 122, todavia, vai além da proteção aos direitos dos homossexuais, e, por outra via, passa a ser uma lei de Homossexualismo ao invés de ser um lei deproteção ao direito de ser homossexual numa sociedade democrática e pluralista.

Acho fundamental aqui fazer duas distinções que julgo importantes:

1. Homossexualidade não é homossexualismo. Homossexualidade pode ser uma condição psíquica ou até congênita (ainda a ser completamente provada, e, até agora, relacionado à minoria dos casos), a qual, na maior parte das vezes, é praticada com descrição e recato natural, assim como deve proceder um heterossexual sadio. Já o homossexualismo é ideológico, político, impositivo, catequético, fundamentalista em seu fervor fanático, e, sobretudo, trata-se de um movimento "sindicalizante" e hostil. Ora, a presente PL 122 é tipicamente um projeto de lei homossexualista e altamente ideológico.

2. Direitos Universais são caracterizados pela inafastabilidade objetiva da condição existente. Assim, etnias e raças carregam a si mesmas em seus direitos universais. Ora, o mesmo não se pode dizer da homossexualidade, a qual existe em estado de profunda subjetividade, além de que está há anos luz de distância de qualquer coisa que se possa chamar de condição universal. Desse modo, creio que a presente PL 122 faz universal um particular da existência humana. Ora, em tal caso, creio que uma outra PL deve ser proposta, mas que não carregue em si "direitos" que soneguem outros direitos universais já estabelecidos e por todos aceitos como fruto do bom senso.

Aqui me eximo de falar sobre outras implicações do presente Projeto de Lei 122, posto que a meu ver são apenas reações angustiadas ante à desvairada propositura da PL122, mas que não tratam das questões de sua inviabilidade Constitucional.

Isto posto de modo muito rápido, concluo dizendo que creio que o que de melhor se faria seria derrubar tal PL122, e, no lugar dela, que parlamentares equilibrados, e que, portanto, não fossem nem militantes homofóbicas e nem militantes homossexualistas, propusessem um novo projeto de lei, o qual deveria dar respeito e dignidade aos homossexuais em nossa sociedade, ao mesmo tempo em que eles não fossem feitos os juizes e os executores de leis conforme se prevê nesta fatídica PL122.

O meu temor agora é pelas manifestações de amanhã, como Silas, Linhares e Cia. LTDA vociferando ódios, de um lado; enquanto, do outro lado, os "homossexualistas" ganham mais um argumento apenas assistindo o destilar do ódio de seus opositores.

A PL 122 é uma desgraça. Pena que não é apenas ela, pois, sendo justo, tem-se que admitir que os modos da refutação sejam tão cheios de ódio e de homofobia, que, portal razão, até quem está errado fica certo pelo ódio do antagonista.

A verdade tem que ser seguida em amor. Pois, do contrário, até a verdade se torna mentira quando os modos são os do ódio.

Podendo escrever muitas outras coisas, mas atendo-me apenas a estas, peço as orações de todos, pois, o resultado de tudo isto pode ser a criação de muito mais ódio numa sociedade que está perdendo por completo o amor e a reverência pelo próximo.

No espírito que Dele tenho aprendido, Caio Fábio - Lago Norte - Brasília / DF

Caio Fábio D'Araújo Filho é teólogo, psicanalista, escritor e mentor espiritual do movimento "Caminho da Graça". Hoje o movimento tem grupos - denominados Estações do Caminho - se reunindo em diversas cidades do Brasil e do Mundo; e em Brasilia, no auditório do Colégio La Salle - 906 Sul, todo domingo, às 19h00.

Acesse www.caiofabio.com : Um portal virtual... Um Caminho real!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

AGENDA


TERÇA, 24 de junho de 2008
TERÇA EM MOVIMENTO!

Criado pelos atores: Ronan Horta e Daniel Fontes com exibição de curtas, poesias, esquetes de humor, fotografia e muito mais!
Local: Conversa Afinada - Rua Vinicius de Moraes, 75 - 3º andar - Ipanema - RJ
Início ás 20hs
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Quinta-feira - 26 de junho

Lançamento do livro de Ana Luiza Flauzina no Rio de Janeiro

Corpo negro caído no chão: O livro é o resultado da dissertação de mestrado de Ana Luiza Pinheiro Flauzina defendida na Universidade de Brasília, em 2006, e trata da questão do sistema penal brasileiro como um instrumento fundamental para a consecução do projeto genocida de Estado dirigido à população negra, em pleno vigor nos dias atuais.

Local: Kitabu Livraria Negra - Rua Joaquim Silva N. 17 - Lapa - RJ (Ponto de referência, esquina com a Rua da Lapa)

Horário: a partir das 18:30, com uma breve comunicação da autora.

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*Para uma melhor organização a agenda do DIÁRIO ANDRÉ FERNANDES será feita aos sábados. Quem quiser incluir algum evento envie um e-mail com antecedência para: contato@andrefernandes.jor.br

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