sábado, 13 de dezembro de 2008

Para onde vai o PT do B?

Hoje estive com Vinicius Cordeiro, tomando um café no Lamas, no Flamengo. Ele me contou das perspectivas para o próximo ano, falou das tristezas e alegrias, bem como me informou sobre algumas conversas que anda tendo nos bastidores. O PT do B, apesar de ter sido fundamental para a eleição de Eduardo Paes, como fui testemunha, ainda não foi convidado para participar do governo municipal. Talvez essa semana ainda saia algum pronunciamento sobre essa situação. Na última publicação do BLOG DO VINICIUS CORDEIRO consta uma matéria que elucida as articulação que ele anda fazendo. Vale a pena conferir!

PT do B sem Cabral e sem Garotinho.[Folha da Manhã 0nline - 09/12/08]



"Não ficaremos com Cabral, nem com Garotinho". Esta foi a promessa do presidente estadual do PTdoB, Vinícius Cordeiro, sobre o destino do seu partido para a disputa do governo do Estado do Rio, em 2010. Ele esteve em visita ontem a Campos, para receber a cidadania campista, entre os 79 títulos e comendas entregues pela Câmara Municipal. Antes da cerimônia no Legislativo presidido por Marcos Bacellar, seu colega de partido, Vinícius teve uma reunião com o PTdoB local. Dela participaram também os vereadores Marcos Alexandre (que não se reelegeu) e o reeleito Jorginho Pé no Chão. A todos foi repassada a orientação de não alinhamento nem com o grupo político do atual governador Sérgio Cabral, quanto do ex, Antohny Garotinho, ambos hoje no PMDB. No mesmo encontro, Bacellar foi formalmente convidado para lançar sua pré-candidatura a uma cadeira na Assembléia Legislativo do Estado, em 2010. - Nossa idéia, no lugar de pulverizar candidaturas, que gerou um resultado desastroso na região, para todos os partidos, em 2002, é lançar uma única candidatura forte, no Norte Fluminense, a deputado estadual. E até pela grande votação que teve, a maior de Campos (9.549 votos), Bacellar é nosso candidato natural - explicou Vinícius Cordeiro. Embora o PTdoB esteja alinhado com o governo federal, o bom relacionamento entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral, não garantiu a este o apoio da legenda. Os motivos, segundo Cordeiro, seriam as discordâncias quanto às políticas fluminenses nas áreas de Segurança Pública e Tributação. Após já ter mantido contatos com o prefeito eleito de Niterói, Jorge Roberto Silveira (PDT); o prefeito reeleito de Nova Iguaçu, Lindenberg Farias (PT); bem como com a deputada federal Denise Frossard (PPS), o presidente do PTdoB busca um caminho alternativo entre os pólos de Cabral e Garotinho que hoje disputam o PMDB, com vistas ao Palácio Guanabara, em 2010. "Acho viável este caminho, desde que trabalhemos desde agora para buscá-lo", ressalvou...
FONTE: BLOG DO VINICIUS CORDEIRO

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

QUAL A MELHOR EMPRESA DE ÔNIBUS PARA VIAJAR NO PARANÁ?

Ao colocar aqui uma enquete sobre QUAL A MELHOR EMPRESA DE ÔNIBUS PARA VIAJAR NO PARANÁ, meu objetivo foi saber a opinião dos leitores, mas também fazer uma avaliação pessoal desse quadro. Pois bem! Viajei há vinte dias atrás para Cascavel, por uma empresa que por descuido, não citei na enquete, a KAIOWA. Foram mil e trezentos quilômetros de percurso. Depois fui para Maringá. Insistindo em observar a atuação da empresa que eu, de fato, menos gosto. Comprei então uma passagem para chegar em Maringá pela EXPRESSO MARIGÁ. Para voltar para o Rio, comprei uma passagem pela VIAÇÃO GARCIA, até para diversificar, pois já tinha ido através de uma outra empresa para o Paraná.
Vamos aos fatos:
-KAIOWA:
-Agua gelada
-Bancos bem confortáveis que reclinam ao máximo
-Televisor(que não foi exibido nenhum filme)
-Ar condicionado que funciona muito bem
-Carros novos, recém-colocados para rodar
-Banheiro
-Pontualidade
-EXPRESSO MARINGÁ:
-Agua gelada
-Bancos não tão confortáveis
-Ar que não funciona tão bem
-Carros mais velhos
-Banheiro
-Não tem pontualidade(Você já ouviu falar de pinga-pinga? Se não, basta andar de EXPRESSO MARINGÁ, mas vá sem hora pra chegar...)
-VIAÇÃO GARCIA
-Agua gelada
-Bancos confortáveis(Não tanto quanto a KAIOWA)
-Ar condicionado que não funciona muito bem(A não ser que o motorista estivesse de má vontade...)
-Carros novos(O que eu viajei não era tão novo assim, tem que perguntar antes de comprar a passagem!)
-Banheiro
-Não tem pontualidade(Imagina que o horário previsto era oito e quarenta e cinco e cheguei ás onze horas da manhã!)
-Não pode beber uma cervejinha!(Comprei uma latinha de SKOL antes de embarcar e o fiscal da plataforma me informou que não poderia ingressar no ônibus com a bebida. Ao perguntar onde estava escrito isso, ele não sabia me informar e disse que era norma da empresa. Peguei o regulamento da ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre e mostrei pra ele, dizendo que não havia nenhuma menção, pedindo que ele me mostrasse o regulamento da empresa então. Ele disse que não tinha! Ou seja, se o passageiro é informado que não pode fazer algo, não tem a regulamentação para mostrar...achei um absurdo!)

Portanto, após os fatos relatados, façam suas escolhas...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

E-MAIL DO EXÍLIO NO DIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

André,
Como não sou contraditório, ditador e um crápula da censura, andei reavaliando minha opinião e acabei de - felizmente algumas vezes concordo com os outros - concordar que fui muito forte com minhas palavras e um pouco ingênuo ao publicar meu pedido em seu Orkut. E para não gerar mais polêmicas, pode deixar -em nome de todos que um dia sucumbiram lutando pelos direitos humanos- as Cartas do Exílio I & II no ar. Você é e sempre será meu mano. Desculpe-me pelo transtorno. Só preferiria que você respeitasse minha posição de viver na América por mais de uma década. Não sou um empresário bem sucedido e sim - com toda vaidade - um ser humano bem-sucedido.
Te amo,
Caio Ferraz

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

NOVIDADES EM MARINGÁ

CÂMARA DE VEREADORES PODE TER NOVO PRESIDENTE

Ontem tive um encontro, ainda em Maringá, com o vereador eleito Flávio Vicente(PSDB), 37 anos, pai de três filhos. Conheci Flávio há alguns anos atrás, quando ainda morava na Cidade Canção. Depois de ter se candidatado a vereador e deputado federal, agora ele se elegeu como o terceiro mais votado. Nosso encontro se deu na MARCO'S, uma confeitaria, perto do Paço Municipal.
Tive uma certa dificuldade para conseguir uma agenda com Vicente. O motivo é louvável: "Estou visitando todos os dias, todos os amigos, empresários, colaboradores, enfim, todos os eleitores que votaram em mim!"
Flávio não chegou onde está com pouco esforço. Ele é professor universitário, Mestre em Administração de empresas, Administrador e Consultor de empresas e foi também Secretário da Industria, Comércio e Turismo de Maringá em 2005 e 2006.

Conversamos durante mais ou menos uma hora, basicamente sobre política e as perspectivas daquele que pode vir a ser o novo presidente da Câmara de Vereadores. Articulações estão sendo feitas para que o legislativo municipal passe por uma mudança, baseado na renovação que aconteceu da instituição no último pleito. Flávio ressalta que quase metade dos vereadores eleitos nunca exerceram um mandato, o que deve pesar para a eleição da nova mesa diretora. "Os meus eleitores esperam que eu tenha uma postura pela mudança", afirmou.
Outro assunto em pauta foi a Lei Seca. O futuro vereador esclarece que os motivos são plausíveis e que iniciativas como essa já acontecem em várias cidades brasileiras. Como professor universitário que é, disse que algumas vezes já deu aula para aluno que tinha se excedido na bebida e disse mais:"essa medida não acaba com isso, porém dificulta fatos como esse".
Outro assunto que achei pertinente perguntá-lo foi acerca das eleições para diretores de colégios, que acontece em Maringá, como em Cascavel. Ele afirmou ser a favor das eleições como um exercício da democracia, com a ressalva que os pais participem do processo eleitoral nas instituições de ensino.
Ao término de nossa conversa falei sobre o DIÁRIO ANDRÉ FERNANDES e sobre o trabalho que venho realizando com o blog e também de assessoria de imprensa. Ele me perguntou quando eu voltaria aqui e eu lhe respondi que dependeria das missões que tenho tido, baseado também no trabalho com o DIÁRIO ANDRÉ FERNANDES. Vamos aguardar novidades sobre Maringá...


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CARTA DO EXÍLIO - PARTE II

CONTINUAÇÃO DE ONTEM...
Bem André, sei também que algumas vezes contrariei o meu querido Pastor Caio Fábio devido aos entraves que tinha com o "dono de todas as razões", Sr. Rubém Cesar Fernandes. Como você acompanhou de perto alguns entreveros que tivemos e as manipulações que ele era capaz de fazer para aparecer, considero indispensável explicar-lhe algumas coisas. Deus sabe muito bem quem é quem nessa história toda. Só gostaria que você conversasse com o Caio Fábio e explicasse para ele que tenho minhas razões e que num momento oportuno escreverei para ele uma carta narrando os porquês. E também que ele pedisse ao Sr. Rubem Cesar que se ele não quiser ter mais problemas comigo, que o mesmo definitivamente esqueça a Casa da Paz, porque como fundador e idealizador daquela instituição e atual presidente eleito pela própria equipe da Casa da Paz, não admitirei qualquer intenção de intervenção desse antropólogo-antropófago na instituição que presido. Para mim, ele não passa de um mau-carater que boicotou nosso trabalho como podia, além de tirar muito proveito para seu elitista "Viva Rico". Desculpe-me a franqueza das palavras, mas é triste saber que ainda existem pessoas, que como amigos, são piores do que o mais crápula dos inimigos. Se o Pastor Caio Fábio não se sentir a vontade de fazê-lo, eu pessoalmente irei escrever uma carta para a "Comissão de Cidadãos" do Viva Rio e narrarei todas as minhas justificativas.
Amigo, apesar de ter sido obrigado a ficar no mais absoluto silêncio nesses oito primeiros meses de exílio, devido as prioridades impostas pela nova circunstância de nossas vidas(arrumar casa, mobiliá-la, adaptar-se ao clima e comida, começar a aprender a língua, arrumar emprego, ver creche para Maíra, fazer palestras e chorar também), tenho boas novas. A primeira é que estamos bem de saúde e felizes porque aos poucos as coisas estão tomando o seu rumo. A segunda é que estou aprendendo inglês em tempo record - pois consegui uma bolsa de estudos no início de junho e estou fazendo um curso de inglês intensivo, aos poucos estou dominando a língua - leio razoavelmente, falo alguma coisa e também estou começando a escrever com mais destreza. A terceira é que depois de ter ficado oito meses como Visiting Scholar no Center For Internatinal Studies do Massachusetts Institute fo Technology, agora fui aceito para fazer um programa de nove meses no Departamento de Planejamento Urbano da própria universidade, o qual iniciarei agora em setembro e que será válido como crédito para mestrado e, melhor ainda, com direito a uma bolsa de estudos da Inter-Americam Foundation. A quarta é que estamos sendo calorosamente acolhidos pelos membros da prestigiosa e respeitada Anistia Internacional, em especial pelo Grupo 133 de Somerville, da cidade onde moramos. Eles tem sido fundamentais em todos os aspectos, desde prover recursos para pagamento de orientação quanto a trabalhos, tradução das minhas palestras, até as também indispensáveis coisas da vida: diversão, arte, cinema, música, festa, praia, caminhada e cervejinhas. Tudo para que nosso primeiro ano de exílio seja o menos traumático possível. A Maíra, é claro, se transformou na xodó e mascote do Grupo. A quinta coisa interessante é que a Claudia está suportando bem este primeiro ano e até está surpreendentemente dando-me muitos conselhos para que eu seja mais responsável e mais família. Ela está sendo uma mulher e tanto, estou reaprendendo a amá-la e a dar-lhe o valor que ela realmente sempre mereceu. Eu nem sei se a mereço e nem imagino o que seria de mim sem seu amor e compreensão. Ela tem sido para mim muito mais do que esposa, tem sido uma verdadeira companheira, amiga, psicóloga, amante, namorada e mãe. Agora posso afirmar que só o amor é capaz de fazer com que um mulher se prive de todas as coisas que tinha para acompanhar seu companheiro por causa de seus sonhos e irresponsabilidades. Ah, ela estava trabalhando aqui numa High School e tinha parado devido a problemas de documentação, mas deve retornar agora em setembro. E a última novidade é que sua afilhada Maíra está cada vez mais encantadora e linda e está começando a falar inglês. Ela só me chama de dad Caio e a Claudia de mom. Além de pronúnciar perfeitamente Thank You, de contar até dez em inglês, de cantar glamourosamente Happy Birthday, além de falar uma dezena de palavras que este incompetente pai agora não lembra. Meu maior medo agora é que a danadinha falará mais e mlhor o inglês do que os burros velhos do Caio e Claudia.
Bem amigo, depois de ter falado um pouco de como estamos aqui, gostaria de saber como anda as coisas com você? Com sua nova casa? Você está namorando? E sua elétrica e eletrizante mãe? E com a Fábrica de Esperança? E novos projetos da Fábrica? E o "Exército da Esperança", está funcionando? E a Cristina Cristiano, continua a frente da coordenação da Fábrica? E o ex-assaltante de bancos e agora irmão, Gordo, está trabalhando em algum projeto da VINDE? E a campanha Rio Desarme-se, ocorrerá este ano? E suas opiniões sobre a Casa da Paz, nesses oito meses de minha ausência? E o sucesso que está fazendo a Cristina Leonardo no Brasil? E o Viva Rico? E com a politicagem do Rio? E com as favelas? E o ditador do General Cegueira, continua dando prêmios e condecorações por cada favelado morto a seus corruptiveis policiais? E o Hélio Lamparina, Secretário de Polícia Civil, continua com a cara de hippie woodstockiano? E o truculento e conivente Cel. Marcos Paes? E o Bisbo Macedo ("Se Deus é o caminho, Bispo Macedo é o pedágio")? E os ETs de Varginha? Ligue-me, mande-me um fax, um e-mail, escreva-me mandando notícias suas ou mesmo mande um simples cartão-postal dessa cidade mais linda do mundo. Enfim, mande-me uma todo de você e sua mãe para que vocês façam parte do nosso álbum de seletos amigos. Claudia e Maíra estão mandando milhares de beijos e abraços para você, sua simpática mãe e todos os amigos da Fábrica de Esperança e da VINDE. Se eu pudesse parafrasear as escrituras sagradas, diria: "E vinde a mim os amigos de boa fé; e vinde a mim a alegria, venha de onde Deus quiser".
De seu sempre amigo de lutas e suas admiradoras,


Caio Ferraz


Claudia Caldas --------------- Maíra C. Ferraz

domingo, 7 de dezembro de 2008

CARTA DO EXÍLIO - PARTE I

Massachusetts, 11 de Agosto de 1996.
Querido André Fernandes.
Aprendi o silêncio com os faladores
a tolerância com os intolerantes,
a bondade com os maldosos.
E, por estranho que pareça,
sou grato a esses professores."
Kahlil Gibran (1883 - 1931), poeta inglês
.
Sou eu, vivo, falador, critico, irreverente, e ainda metido a intelectual como sempre.
Espero que esta cidade e este país estejam tomando o rumo da democracia, do diálogo e da tolêrancia. E sobre esta cidade, sobre a qual a poetisa americana Elizabeth Bishop, na década de 60, magistralmente, fez a seguinte observação: "O Rio de Janeiro não é uma cidade maravilhosa, mas um cenário maravilhoso para uma cidade", como ela está? E o "Viva Rico"? E o General Cegueira? E o louco do Cesar Maia? E o cachaceiro do Marcelo Alencar? E o tupiniquin-presidente FHC? E o Comunidade Solitária? E as chacinas, continuam ? E Acari, Vigário Geral, Dona Marta, Borél e os demais guetos dessa terra brasilis, como vão? Ah, quantas perguntas, quantas interrogações, quanta vontade de estar aí...

Renovo-me a cada vez que lembro de você, com sua também ironica e intransigente forma de ver e de se relacionar com estes falsos democratas dessa cidade. Talvez você tenha tido mais sorte do que eu, porque você sempre se pautou por uma orientação fundamentada na ética espiritual, por um Deus que a tudo criou e que a Ele este universo pertence. Eu, ao contrário, sempre pautei-me pelas minhas torpes "certezas" da ética científica das ciências sociais e da militância das causas dos direitos humanos. Se errei em alguns momentos, foi porque não conseguia enxergar além dessa minha visão canhestra prático-teórica. Algumas vezes, fui feliz e até ousei desmistificar a "ética monetária" de alguns senhores amigos dos poderosos dessa terra explorada outrora por portugueses e agora por insensatos burgueses. Noutras fui um incauto e cai em minhas próprias armadilhas, mas frente a realidade que vivia no dia-a-dia da favela de Vigário Geral e nas demais que eu frequentava, não podia ter sido diferente. Eu precisava sim, ser intransigente, denunciador, "inadministravel" como bem observou meu homônimo Caio Fábio. Tinha a necessidade de ser mais rápido do que a tirana bala do fuzil AR15; e mesmo assim quantas barbaridades tive que presenciar. E valha-me Deus que você foi uma testemunha ocular dessa minha peregrinação, por ter sido um também peregrinador junto comigo contra essa pena de morte que só atinge pretos, pobres e favelados. Lembra-te, que juntos estávamos lutando contra a farsa da Operação Rio e também na defesa da tentativa política de implodirem este trabalho magnifico que é nossa Fábrica de Esperança?
Amigo e irmão André, sei que muitas vezes fui pré-julgado e preconceituosamente espezinhado por ter vindo de uma família humilde que vivia em favela. Muitos dos que fingiam estar ao meu lado, nos bastidores de seus pecados mentais, diziam que eu era um despreparado e um porra-louca. Se assim eles consideravam, lamento tê-los frustrado, pois este pobre cara de codinome Caio foi digno de milhares de aplausos e de alguns prêmios. Digo isso não como vaidade pessoal, mas como forma de lembrar que a incompetência é senhora e dona da insensatez e só é possível porque existe nesta cidade uma mesquinha cultura da indiferença, a qual reina neste mundo pervertido dos intelectuais encastelados ora nos governos, ora em ONGs. Se fui intransigente e arrogante é porque vivi - assim como os que não compactuam com a sacanagem - intensa e dolorosamente as seguintes cruas verdades: Quantos amigos de infância ainda fui obrigado a acompanhar o sepultamento após a chacina de Vigário Geral. Quantos armamentos pesados vi chegar em favelas. Quantas toneladas de drogas vi milhares de jovens comprarem para consumo somente nestes três últimos anos nas favelas. Quantos bilhões de doláres os governos roubaram da saúde e educação de milhões de inocentes crianças. Quantos velhinhos morreram a espera do misero salário mínimo do INSS. Talvez seja impossível, mas com certeza o somatório de tamanha injustiça para mim era e continua sendo inadmissível... Minhas denúncias quanto as continuadas chacinas, tortura e corrupção nas favelas respingaram na mais podre realidade existente em nossa cidade. As vezes fico imaginando: será que valeu a pena ter sacrificado minha própria vida e de minha família por uma cidade controlada por vermes e fascinoras homens? De que me valeram prêmios e reconhecimentos públicos se estou agora a mercê de uma terra que não me pertence, de uma cultura que não é a minha, de um povo que não fala minha lingua, de um clima frio e rigoroso? Se as coisas que gosto e se meus amigos estão todos distantes? Será mesmo que valeu a pena? Se não tive sequer o direito de me despedir do meu pai em seu sepultamento no dia 10 de julho? Se hoje não tenho nenhum bem material que possa dar o mínimo de tranquilidade e conforto as minhas duas lindas companheiras de exílio? Se minha esposa não pode sequer falar com seus pais e familiares por telefone devido ao alto custo da ligação internacional? Se não posso sair com minha filha para tomar um simples sorvete? Este papo de que o Caio foi um herói, para mim é, desculpe a expressão, uma puta sacanagem.
As vezes, o que me consola, é o fato de ter feito alguns amigos de verdade, entre eles, meu amigo-pai-e-irmão Pastor Caio Fábio; com quem tentei por várias vezes falar por telefone, sem ter sucesso, depois que cheguei aqui nos EUA. Outras duas pessoas que se mostraram acima de qualquer interesse foram você e sua alegre e espirituosa mãe, Graça Fernandes. E é exatamente por isso que estou escrevendo-lhe esta carta. Para agradecer a vocês, do fundo do meu coração, por tudo que vocês fizeram por mim e por minhas duas coisas preciosas: Claudia e Maíra. Muito obrigado mesmo. Milhões de vezes obrigado. Minha vontade era poder estar aí só para dar-lhes um grande abraço, um carinhoso beijo e depois irmos juntos comer uma gostosa comida brasileira. Mas a distância é longa e a realidade torna esta vontade em algo impossível.

CONTINUA AMANHÃ...

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