segunda-feira, 2 de julho de 2007

O BASTA QUE QUEREMOS!

Ontem completou seis meses que o Riobodycount está contabilizando as mortes no Rio de Janeiro. Lamentavel como o Estado está tratando a situação... Hoje estou publicando um texto de uma Ativista Social e Professora que trabalha no municipio de nossa cidade. Eu, ela e todos os cidadãos do Rio de Janeiro dizemos: Já basta!
___________________________________________________________
Estes seis primeiros meses de 2007 guardam um número que nos leva a outro momento muito ruim da história fluminense. Há 18 anos, em 1989, 1175 pessoas foram mortas por grupos de extermínio na Baixada Fluminense. Hoje, 02 de julho, a nossa contagem está em 1229 mortos e 786 feridos. Nas últimas 12 horas foram 5 mortos e 2 feridos a mais... a última vez em que vi a contagem foi às duas da manhã... vou refazer as contas.

Será que alguém tem a dimensão do que possam ser 1229 mortos em seis meses? Eu fiz a conta... são 6,8 mortos por dia, 786 feridos... 4,3 por dia. Fazendo as contas... temos, por dia, mais de 10 pessoas atingidas diretamente nessa guerra.

Tantos falamos de tantas formas de se acabar com esse cenário de guerra em que vivemos... educação, reforma no sistema prisional, respeito ao cidadão, às leis, ao próximo...

E tudo é certo, tudo é altamente indicável aos nossos governantes para que apliquem (pelo menos aquilo que está fora de nosso alcance, como cidadãos). Mas a questão é: por que parece que tudo é feito de modo a piorar tudo? Por que um conflito no Complexo do Alemão motivado, oficialmente, para que se prendam os assassinos de dois policiais militares em 02 de maio seria mais importante para o governo, do que 5 mil crianças e jovens sem aulas há dois meses?

Quais são as prioridades do governo estadual? Queda de braço? Cabo de guerra com traficantes? Este Estado nunca teve uma política de segurança levada a sério. Nunca veio completa. E agora confunde-se estratégia de guerra com política de segurança. Como combater a violência? Ora, ora...com mais e mais violência. É assim desde Moreira Franco. É, aquele mesmo que prometeu acabar com a violência em 6 meses...

Eles se orgulham de ter uma polícia treinada com tática de guerrilha! Médicos respeitados até no Iraque pela sua experiência em socorro de emergência com armas de guerra!

E nós não temos nada. Absolutamente nada. Um pouco de revolta, mas não o suficiente para darmos um basta. Não um “basta” que trará dinheiro para ONGs em campanhas que tapam os buracos deixados pelo Estado, mas um basta de sermos feitos de palhaços. Temos medo também. Medo da violência. E não só da violência que mata de tiro. Medo da violência que mata de fome, de desprezo, de pavor, de vergonha, de abandono, de revolta, de dor, de falta de professor, de desesperança. Um medo que nos atinge a todos.

Nenhum comentário:

Compartilhe!