quarta-feira, 28 de março de 2007

Conselho de Pai

(Texto que saiu no jornal Matéria Prima - www.jornalmateriaprima.jex.com.br )

Há duas semanas assistimos à inspetora Marina Magessi classificando as diferenças entre usuários e viciados em drogas no programa do Jô. Existe mesmo essa diferença? Já circulei entre favelas, políticos, empresários, movimentos populares, meio acadêmico, jornalistas, e tantos outros grupos, e pude conhecer vários tipos de pessoas. Mas, em se falando de drogas, Graças a Deus encontrei um número infinitamente maior de usuários que viciados. Agora, o que é droga? Essa é a primeira definição que temos de ter se de fato formos discutir o assunto, caso contrário ficaremos nessa discussão hipócrita, como bem disse Marina Magessi ao Jô Soares. Sabemos que o que foi "verdade" em um tempo, já não é em outro. Assim como o que era droga, sendo inclusive amplamente combatida, como o álcool, já é permitido hoje. Alguns utilizam-se de fortes emoções, precisando correr perigo, para assim sentir a adrenalina, e mesmo com uma situação financeira boa, praticam assaltos (vejam o filme"Caçadores de emoções"). Ou até mesmo o cafezinho que você não consegue parar de tomar, mas que era proibido aos cristãos do século 17. Se quisermos não paramos mais de elencar a quantidade de drogas consumidas por toda a humanidade, proibidas em um tempo e não mais em outro, ou consumidas em um local e não em outro. Por isso precisamos deixar claro que o discurso do status quo é realmente hipócrita e superficial! É preciso ir mais fundo no assunto e entender que "usuário não é criminoso", como já disse no passado o combativo deputado Carlos Minc (PT-RJ). Que viciado tem de ser tratado como uma questão de saúde. O viciado é aquele que já não tem liberdade de escolha, e existem viciados em tantas coisas... Meu discurso é simples, como na conversa que tive dia desses com minha filha mais velha: "Você pode fazer o que quiser! Porém, não permita que nada tire sua LIBERDADE, nada que te vicie ou tire sua LIBERDADE é bom, quer seja cigarro, bebida, chocolate, maconha, cafezinho, sexo ou até religião!"
Este espaço contempla a contribuição - acadêmica ou não - de alunos, docentes ou profissionais que queiram transmitir idéias e gerar reflexões acerca de assuntos de interesse coletivo.
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Autor: *André Fernandes é ativista social e aluno do 1º ano de jornalismo no Centro Universitário de Maringá (Cesumar)

Um comentário:

Anita Deak disse...

Existem drogas lícitas e ilícitas, definidas assim por lei. Quando o homem firmou-se em sociedade e abriu mão de sua liberdade total para obter proteção e integridade física, ele resolveu se submeter às leis em troca disso. Rousseau falou desse contrato social e de nossas compensações em relação a ele. O que acontece em nossa sociedade é que as contrapartidas por se abrir mão da liberdade total, só são privilégio da classe média e alta. Os pobres continuam tendo q obedecer as leis mas sua integridade física é constantemente ameaçada e a proteção do Estado não existe. O que reina é o puro descaso. Como disse Hélio Luz, infelizmente, a polícia existe para controlar os pobres e reprimí-los. Não existem políticas de oportunidades. Daí conversas q não levam a nada como a legalização ou não das drogas. Se o contrato social prescinde uma contrapartida do Estado, porque o pobre deveria cumprí-lo se de fato a contrapartida não existe? Assim, ele procura o comércio ilegal e meios próprios para se manter como o tráfico de drogas. E quem somos nós para julgarmos a validade ou não desse comércio? Os bens alimentados e protegidos na sociedade? Enquanto a dinâmica continuar perversa e injusta, não há porque exigir dos sem condições comportamentos adequados à lei. Ana Rita

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