quinta-feira, 26 de abril de 2007

PROFESSORES, ALUNOS E CONHECIMENTO

"Educar é um ato político." Já disse Paulo Freire. Quem são os nossos educadores? Como está sendo formada nossa sociedade? Precisamos começar a questionar como está sendo formada nossa sociedade, e baseado em que interesses.
Estou publicando hoje um texto do Filósofo Rafael Huguenin para nosso debate e apreciação.

PROFESSORES, ALUNOS E CONHECIMENTO

Será que a diferença entre aluno e professor, por incrível que pareça, não diz respeito ao conhecimento propriamente dito? Seria possível pensá-la antes como uma diferença de poder, se tomarmos aqui um cargo público, outorgado por "concurso" ou indicação, como uma posição que confere um estatuto social privilegiado aos que o possuem? Penso aqui especialmente nos professores de instituições públicas. Tendo em vista que seus cargos, na grande maioria dos casos, são praticamente vitalícios, e que, após o concurso de admissão, a competência deles raramente é posta em questão, fica claro que a atividade professoral, o discurso e a prática pedagógica assume cada vez mais o aspecto de uma justificação de suas posições, de uma constante auto-defesa, deixando cada vez mais o conhecimento relegado a segundo plano. Será que os congressos, os índices de produtividade do CNPQ e o próprio relacionamento dos professores uns com os outros dentro dos departamentos funcionam, de fato, como instrumentos capazes de aferir a competência dos que ocupam cargos em instituições públicas? É preciso ter em mente também o estágio em que a produção, a conservação e a transmissão do conhecimento se encontram nas sociedades de informação contemporâneas, onde a própria figura do professor, em muitos campos, é completamente obsoleta, conforme a leitura que fiz do Lyotard. Será que o discurso professoral, a prerrogativa da competência e dos títulos só se justifica como instrumento de manutenção de uma estrutura institucionalizada, mantida às expensas do povo, e dos membros que controlam estas instituições? Se de fato é assim, faz-se necessário identificar e descrever, no discurso professoral e na prática pedagógica, estes instrumentos de justificação, de auto-defesa, de manutenção de cargos vitalícios.

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