Durante o tempo que trabalhei com a JOCUM nas favelas, conheci muitas pessoas que queriam trabalhar como eu, e que não podiam, pois seus "trabalhos" não permitiam. Por isso, ou elas doavam seu tempo aos finais de semana, dias de folga, ou apoiavam nosso trabalho com recursos materiais (doações de diversos tipos). Saí da JOCUM para trabalhar com a VINDE na FABRICA DE ESPERANÇA em Acari, sobre a qual falarei em outra oportunidade. Em 1996, quando ainda trabalhava na VINDE, fiz uma viagem pela Europa, quando tive a oportunidade de palestrar para alguns grupos que decidiram ajudar os projetos em que eu me encontrava envolvido. E foi assim, que durante esse tempo tive a idéia da CASA DA CIDADANIA. Tive essa idéia, pois já havia trabalhado em diversos lugares, e essa instituição seria o amadurecimento do que já tinha realizado. A CASA DA CIDADANIA, seria um local que funcionaria dentro de cada favela para que a população de cada local pudesse aprender a defender seus direitos de CIDADANIA. Não seria um trabalho vindo de fora, até porque não havia nascido na favela, mas morava no Santa Marta, local de fundação da instituição, desde 1993. Foi assim que fundamos, eu e outros parceiros, a CASA DA CIDADANIA no Morro Santa Marta. Realizamos vários projetos nessa época, mas uma das coisas principais que fizemos foi nos aproximar de quem se comunicava com a população, no caso, o HIP HOP e o FUNK. Começamos então a apoiar esse movimento ali, bem como pleitear financiamento para projetos diversos. Realizamos em 1998, em parceria com a UERJ, o 1º Curso de formação de lideranças para as favelas. Nessa ocasião reunimos na Universidade cinqüenta lideranças comunitárias, para, durante alguns meses, ouvirem diversas palestras, para que se capacitassem. Entre os palestrantes contamos com a presença de Alba Zaluar, Caco Barcellos, Rodrigo Baggio, Tião Santos, entre outros. Outra coisa que posso me lembrar foi presença semanal de JOÃO MOREIRA SALLES durante algum tempo, que falava para um grupo lá no alto do morro sobre História da Arte. A idéia era mostrar a importância da arte na mudança da sociedade. Além disso, João também era um dos nossos mantenedores na CASA DA CIDADANIA. Muitas coisas aconteceram depois, e um dia resolvi que precisava "dar um tempo" para criar minha filha que acabara de nascer, pois meus outros dois filhos amargaram a distância de seu Pai, por estar o mesmo tão "dedicado" a construir um mundo melhor. Não podia passar pela vida sem de fato entender a paternidade. Por isso saí da direção da organização. Quando saí, na ata da reunião, as pessoas que comigo estavam, acharam por bem fazer constar acerca da idéia da ANF-AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DAS FAVELAS, que eu havia idealizado em 1997, lançado o site em 2001, e que como um projeto da CASA DA CIDADANIA, ficaria sob minha responsabilidade, desvinculado daquela instituição. Sobre esse projeto falaremos então em breve. E foi assim que realizamos, eu e tantos outros parceiros, o sonho da CASA DA CIDADANIA, que não acabou, pois cada um que participou e foi parceiro continua sonhando, acreditando, e lutando por um mundo melhor.
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