Conheci o Mr. Catra na época em que estudávamos juntos no colégio Pedro Segundo. O apelido do Wagner não era Catra e sim Negativo, e o meu Leitoso, pois era muito branco. Estudamos juntos na unidade Tijuca, na década de oitenta, quando o Pedro Segundo ainda tinha uma melhor qualidade de ensino que a de hoje em dia. Naquela época Negativo, hoje Catra, já cantava, e compôs uma letra no estilo "adultério", falando sobre nossas inspetoras. Todos cantavam quando subiam as escadas do colégio. O apelido Negativo eu não preciso explicar o porquê, mas porque Catra? Ele morou por muito tempo na Rua Dr. Catrambí, logo depois do Morro do Borél, tendo sido "criado" por ali, daí o apelido de Catra, por conta do local que morava, conhecido como Catrambí. Reencontrei-o na época que iniciamos o MOVIMENTO FAVELANIA, e ele abraçou a idéia. Vi a importância de ter uma pessoa como ele, pois ouvia já há algum tempo suas músicas que eram cantadas por todas as favelas que eu percorria. Lembro-me de uma vez, quando fui conhecer o Rumba, líder comunitário da favela do Jacarezinho, que havia dado uma entrevista falando sobre meu trabalho sem ao menos me conhecer. Estava com o Catra quando li a matéria do Jan Theóphilo no site NO, e resolvemos ir até lá. Ao chegarmos, várias pessoas identificaram Mr. Catra, e ele logo perguntou: "Onde fica a Associação?” E fomos informados por moradores que pediam: "Qualé Catra, leva um som aê!" Percorri por diversas vezes os bailes com Catra, que cantava nessa época em uma média de cinco, às vezes chegando a oito, locais diferentes por noite, e nenhum com menos de mil pessoas. Identifiquei-o como mais que uma liderança, um porta-voz das favelas. E foi por isso que o convidei para integrar o MOVIMENTO FAVELANIA. Catra vestiu a camisa, e foi nessa ocasião que compôs uma de suas músicas que passaram a integrar o estilo "FUNK CONSCIENTE" com a letra NEGO SEBÁ. Nessa letra ele conta a história de um morador de favela negro, que diz para o policial que vai abordá-lo: "Meu movimento é político-social, meu tráfico é cultural!" Hoje em dia Catra não está cantando só para a favela. Ele agora também participa de programas de televisão, e não tem uma pessoa que não o conheça. Apesar de sua última música um tanto quanto pornográfica (adultério), ele tem vários outras letras, como O SIMPÁTICO, que chegou a ser regravada por um grupo de pagode que fez muito sucesso. Estive com Catra há poucos dias atrás, por ocasião da visita do Sociólogo Caio Ferraz ao Brasil, que já tinha ouvido suas músicas, e quis conhecer essa figura. Viajando pelo país, em qualquer lugar que vou, percebo que as pessoas conhecem as músicas do Catra, que se tornou em minha opinião, e acredito que também pela opinião pública, no maior MC de funk do país.
2 comentários:
O que eu lembro do Wagner é que gostava de uma briga, e era duro de encarar, batia muito pelo que eu me lembro.
só falta ele parar com o machismo atroz presente em diversas de suas canções. A opressão à mulher, sua reificação, também é algo a ser levado a sério.
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