Tornei-me, a partir de 1997, um dos principais interlocutores da favela com o asfalto. A manifestação da população excluída do morro resultava em novas formas de organização, que culminou neste ano no início do movimento FAVELANIA, do qual fui idealizador. O movimento FAVELANIA pretendia dar voz às comunidades carentes se colocando como canal de ajuda e veículo de expressão da violência sofrida, para acionamento jurídico e veiculação na mídia. Visávamos difundir de todas as maneiras possíveis, a conscientização à população favelada quanto aos seus direitos básicos enquanto cidadão, bem como enfatizando uma ideologia de combate a todo e qualquer tipo de abuso aos Direitos Humanos. A razão da existência deste movimento deveu-se ao resgate dos princípios de liberdade e anseios por igualdade e solidariedade entre os seres humanos, que move as revoluções populares e se demagogiza em tratados e códigos que não encontram práxis social.
Convivi de perto com os reflexos deste movimento na vida intelectual brasileira. Em 1998, o jornalista Caco Barcelos, com quem já vinha mantendo contato desde a FÁBRICA DE ESPERANÇA, mostrou-se interessado em documentar a realidade da favela. Tal iniciativa resultou na produção do livro sobre a história de Marcinho VP[1], cujo processo acompanhei de perto, sendo citado no livro como um dos personagens vivos desta contundente e trágica história.
Convivi de perto com os reflexos deste movimento na vida intelectual brasileira. Em 1998, o jornalista Caco Barcelos, com quem já vinha mantendo contato desde a FÁBRICA DE ESPERANÇA, mostrou-se interessado em documentar a realidade da favela. Tal iniciativa resultou na produção do livro sobre a história de Marcinho VP[1], cujo processo acompanhei de perto, sendo citado no livro como um dos personagens vivos desta contundente e trágica história.
Nesta mesma época, João Moreira Salles e Kátia Lund começavam a filmar as primeiras cenas de “Notícias de uma guerra particular” [2], eleito um dos melhores documentários brasileiros, por seu amplo e contundente retrato da violência do Rio de Janeiro. Participei da produção do filme, percorrendo com eles becos e vielas do Morro Santa Marta, auxiliando para que fosse transportado para a tela o dia a dia dessa dura realidade.
[2] SALES, João Moreira e LUND, Kátia. Notícias de uma guerra particular. Documentário, Brasil, 1999.
2 comentários:
Fala André
Só passando pra deixar um abraço no amigo.
Fica na Paz
Rodolfo Roara
Situada no seu devido contexto histórico, o conceito de FAVELANIA revela-se seguramente como o mais consistente dentre todos aqueles que foram propostos na década de noventa, na esteira das duas grandes chacinas que marcaram o país (Vigário Geral e Candelária).
Isso fica claro a partir dos seguintes questionamentos: quais movimentos sociais surgiram naquela época e quais eram suas reivindicações? Quem assumiu, digamos assim, o papel de "sujeito" do discurso de indignação? Estes discursos representavam de fato os anseios das comunidades carentes? que movimentos ou ONG's receberam os holofotes e as atenções da mídia?
Trata-se de mais uma dentre as muitas iniciativas do ativista social, jornalista e, antes de tudo, missionário, André Fernandes, com a ajuda de muitas outras mentes inquietas, como o sociólogo e escritor Caio Ferraz.
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